A modelo norte-americana Crystal Hefner, 30 anos, esposa do dono da Revista Playboy, Hugh Hefner, e ativista contra implantes, anunciou recentemente em entrevista publicada na revista People deste mês de agosto de 2016, que pediu que seus implantes mamários de silicone fossem removidos pois estavam causando-lhe muitos problemas.
Ela publicou uma foto de seu pós-operatório no Instagram intitulada: “Aproveitando esse ano para recuperar minha saúde e dedicar mais tempo para me cuidar e me amar como eu realmente sou”
A ex-modelo foi diagnosticada há alguns meses com a doença de Lyme - Doença transmitida por carrapato causada pela bactéria Borrelia burgdorferi. Os sintomas incluem perda do apetite, náuseas, vômitos, aumento dos gânglios linfáticos, lombalgia, febre e dores articulares. Em casos raros pode haver comprometimento da memória e funções cognitivas.
Algumas pessoas afirmaram em redes sociais que os sintomas eram relacionados a uma reação imunológica possivelmente associada aos implantes de silicone.
Essa doença existe?
Existem na internet, também, centenas de artigos e blogs advertindo mulheres para não colocarem implantes ou para que eles sejam retirados.Por ser uma celebridade, a notícia evolvendo a doença de Hefner, tornou-se muito comentada e ganhou muita popularidade.
Os médicos, no entanto, advertem para o fato de que os implantes utilizados por Hefner – aproximadamente 10 anos, não tem relação com os sintomas apresentados neste caso. “Milhões de mulheres ao redor do mundo tem implantes de silicone por razões estéticas ou devido à reconstrução de mama, e são advertidas sobre complicações, no entanto, raramente são relatadas” diz o Dr. David Song. O Dr. David Song é o atual president da Socidade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS) e vice-diretor do departamento de Cirurgia Plástica da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. Ele também acrescenta que não há evidência científica alguma de que a ruptura dos implantes e o contato do seu conteúdo com o corpo das pessoas possa levar a ocorrência de uma doença auto-imune.
Suas palavras são endossadas também pelo Dr. Daniel Mills, president da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica Estética (ASAPS) e que atua como Cirurgião Plástico no Sul da Califórnia.
Também o FDA [Food and Drug Administration] – organismo do governo norte-americano que regula medicamentos e ações de saúde, semelhante a Anvisa no Brasil, avaliou muitos questionamentos de pacientes e pessoas com esclerodermia, Lupus e outras doenças auto-imnues e os relacionou com o uso de implantes mamários de silicone. O resultado foi que não houve embasamento técnico e estatístico que pudesse ligar os implantes mamários de silicone com o surgimento, aumento ou com o agravamento dessas doenças.
Não duram para sempre
As razões e necessidades que motivam a colocação de implantes de silicone variam entre as mulheres.
Enquanto algumas usam para razões estéticas outras precisam para reconstrução de mama após a mastectomia. “A reconstrução de mama após o tratamento do câncer é algo que ajuda essas mulheres a restaurar a sensação de normalidade não somente em relação a sua aparência mas também de bem-estar psicológico e emocional” afirma o Dr. Song. Muitos estudos científicos dão suporte aos benefícios da cirurgia de reconstrução de mama.
Com o passar do tempo, os procedimentos tornaram-se menos invasivos com cicatrizes menores, melhor qualidade estética, menores índices de complicações devido a melhora dos recursos de materiais e técnicos.
A decisão da modelo Crystal Hefner de remover de uma vez os implantes devido a recorrentes complicações locais reacendeu o debate se os implantes mamários deve, ou não, serem trocados com o passar do tempo.
O site do Instituto Nacional de Sáude (NIH – National Institute of Health), dos Estados Unidos, afirma que: “que quanto mais passa o tempo, maior é a chance dos implantes apresentarem problemas e a necessidade de troca ou remoção definitiva”
That is one reason surgeons — and the government — remind patients that the same implants are not meant to stay implanted for a lifetime.
O Dr. Mills recomenda a suas pacientes um acompanhamento rotineiro a cada dois anos e trocas de implantes por volta dos 10 anos.
Na media, os implantes duram cerca de 10 a 15 anos antes de apresentarem maior risco de ruptura – após esse prazo o risco aumenta. Após a ruptura dos implantes de silicone, existe um crescimento nas taxas de contratura capsular tornando as cirurgias de trocas mais difíceis e com mais complicações.
Uma escolha pessoal
Ambos os cirurgiões entrevistados ressaltaram que esta cirurgia ocorre por uma decisão pessoal e que as pacientes devem se informar dos riscos e fazer o dever de casa antes de se submeterem ao procedimento e que a consulta com Cirurgião Plástico especialista é fundamental para ajudar a paciente na tomada de decisões.
Fonte: American Society of Plastic Surgeons (ASPS); Plastic Surgery News – July/August 2016